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Texto de orelha - Margareth Pretti Dalcolmo

   Essa cuidadosa publicação surge, no recuo histórico de quatro anos após a declaração da pandemia da COVID19, quando já nos é permitido analisar, mais do que o impacto social em nossas vidas, as descobertas, as decepções, as cicatrizes, e o luto. E de par com tudo isso, uma espécie de solidariedade de nova qualidade que, contrariando nossa parca tradição em doar, se observou na iniciativa privada brasileira, e que esperamos, possa prosperar.

   Fomos desafiados ao extremo, profissionais da saúde, infraestrutura de serviços, públicos e privados, e de fato sequer tivemos tempo para perplexidades, e de pronto canalizamos nossos melhores esforços, desde a busca incessante de respostas sobre a origem, história natural, patogenia, comportamento, até possíveis tratamentos para a
nova doença. Agências regulatórias e comitês de ética trabalharam em regime de urgência com o cuidado de, diante da premência e da magnitude da tragédia, minimizar o improviso e medidas sem a necessária sustentação científica para aplicação in anima nobile.

   O primoroso conjunto de informações prestadas nesta publicação, sem dúvida dela faz uma fonte confiável e perene sobre o que se passou no Brasil, nestes anos que efetivamente, abrem o século XXI, e nos obrigam a pensar numa nova pedagogia de viver. Permito-me citar a máxima do pensamento Gramsciano de que “o pessimismo da inteligência não deve abalar o otimismo da vontade”. Dor e derrota não precisam ser paralisantes, ao contrário. Em nós que tivemos o privilégio de cuidar, e descobrir nova capacidade de se solidarizar, tudo nos encoraja e ilumina, como uma epifania.

 

Margareth Pretti Dalcolmo

Médica, pesquisadora da Fiocruz, Membro Titular da Academia Nacional de Medicina

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